sexta-feira, 9 de maio de 2014

A importância da Transformação de Processos na revolução da Internet das Coisas e da automatização que ela traz

Por Lia Parente

Neste último 6 de maio, estive no “37º. Encontro Tele.síntese – M2M: ubiquidade torna-se real”. Nele vários palestrantes trouxeram discussões sobre esta realidade, tendências e cases do que chamamos Internet das Coisas, ou IoT (“Internet of Things”). 

Neste artigo, eu gostaria de refletir sobre o papel da transformação de processos na viabilização desta tendência e o montante de possibilidades que estas automatizações nos trazem.

Deixe-me primeiro repassar a evolução dessa tecnologia: M2M (“machine-to-machine”) é a comunicação máquina a máquina, inicialmente utilizada por rastreadores e PoS (“Point of Service” – Exemplo: máquina leitora  do cartão de crédito), que se popularizam com o advento da internet. No final da década de 90, surge o termo IoT (“Internet of Things”) ou Internet das coisas, dada a capacidade que a internet trouxe de conectar um grande número de equipamentos. Mais recentemente surgem novos termos como IoAT (“Internet of Autonomous Things”) que explorarei mais a seguir e IoE (“Internet of Everything” ou a Internet de todas as coisas) que segundo Anderson André (2014) é a conexão em rede de pessoas, processos, dados e coisas.

O evento buscou responder a perguntas como: Por que agora é o momento? Quais as oportunidades deste mercado? E, o que falta para IoT se tornar realidade?

Momento

Primeiro vamos refletir sobre o momento atual. Não somente a internet, mas a miniaturização dos equipamentos, o barateamento do armazenamento de informações (storage), entre outros, são motivos para a proliferação de equipamentos e sensores capazes de capturar e comunicar dados através da rede.

Oportunidades

Novas aplicações surgem e diversas oportunidades crescem. Segundo Daniel Fuchs (2014), exemplos de oportunidades são telemetria para maquinário pesado (ênfase em agrobusiness e geradores de energia elétrica); cidades inteligentes, especialmente mobilidade urbana, fiscalização ambiental, segurança e eficiência energética; telemetria leve; sensoriamento ambiental; conteúdo pessoal; telas interativas e casas conectadas. Renato Pasquini (2014) cita também carros conectados e manufatura inteligente. Marcelo Lubaszewski (2014) nos lembra de mercados crescentes como e-ticketing e cartões de transporte, além de programas do governo brasileiro que poderão beneficiar as tecnologias de identificação eletrônica como: RIC (identificação pessoal), SINIAV (identificação e rastreamento de veículo) e SISBOV (rastreamento de gado). Há também aplicações voltadas ao consumidor final como eReaders, controle de bichos de estimação, monitores de saúde, wearables, brinquedos interativos, TVs smart, entre outros, segundo Gilberto Miyahara (2014). Anderson André (2014) acrescenta que quando focamos no mercado de varejistas vemos novas oportunidades como marketing em tempo real com ofertas sensíveis ao contexto durante a experiência de compra, resposta adaptativa do merchandising e otimização dinâmica de pessoal aplicado a padrões e comportamento dos clientes, além da adaptação do ambiente e seu consumo energético ao tráfego de compradores e necessidades operacionais. Segundo Eduardo Takeshi (2014), há inúmeras oportunidades quando combinamos a indústria de energia com a de telecom, como por exemplo: geração distribuída, veículos elétricos, demand-response, self-healing e o modelo pré-pago. Uma visão com vasta oportunidade foi nos apresentada por Fernando Martins (2014) para um cenário de transporte inteligente que conta com comunicações de satélite, broadcast terrestre, comunicação entre veículos, pedágios automatizados, abastecimento inteligente, informações sobre passageiros em tempo real, integração com sistemas de segurança e cruise control, além da assistência à viagem, passando um panorama de ampla integração entre os transportes modais.

Para se tornar real

O crescimento do M2M é notório e reconhecido por todos do evento. No entanto, conforme a contribuição de Tom Keeley (2014), não é prático se distribuir na rede informações advinda desse volume de sensores e “esperar” que a rede faça delas sentido. Desta forma reflito  que é preciso que  tornemos este crescimento autossustentável e para tal há aponto algumas necessidades:

1. Investimento em Big Data, modelos de análise e modelos preditivos que impulsionem a tomada de decisões assertivas.

2. Evolução de IoT para IoAT (“Internet of Autonomous Things”), aonde os equipamentos (AT´s - Autonomous Things) serão capazes de operar autonomamente, comunicar e colaborar quando apropriado, agindo por conta própria (Tom Keeley, 2014).

3.  Definição de requisitos e padrões de segurança tanto para a coleta quanto para a execução das funções comandadas pelos dispositivos. Podemos observar um exemplo de iniciativa de discussão de padrões já existe quando falamos de RFID, segundo Fernando Martins (2014), chamada Brasil-id (www.brasil-id.org.br). Tal iniciativa precisa se estender a tantas outras necessidades de padrão desta nova realidade.

4. Otimização dos processos, observando o potencial destes equipamentos autônomos em executar tarefas como: proteger, detectar e ajustar, monitorar, controlar, evitar, esconder, agir, proceder ou retratar. Dentro desta realidade, a análise e mapeamento de nossos processos devem contar com as AT´s como “extensões das organizações humanas de forma a entregar mais qualidade de vida e serviço a menores custos” (Tom Keeley ,2014).

5. Transformação dos processos, aonde segundo Gilberto Miyahara (2014), se deve  buscar a conectividade com foco no consumidor, entendendo que os AT´s devem fazer parte da experiência do ser humano e que o conteúdo e os aplicativos que surgem passam cada vez mais a ser orientados ao consumo e estar presentes largamente na indústria, não mais em setores específicos. Caso não foquemos nessa transformação não criaremos dispositivos conectados de fato, apenas máquinas que se comuniquem com máquinas.

6. Recriação de modelos de negócios, aonde se percebe potencial de se gerar receita através da informação coletada ou reutilização das unidades de coleta. Daniel Fuchs (2014) cita como exemplos: dados de rastreadores alimentando bases de informação de trânsito, o uso de PoS como plataforma de acesso ou o uso de smart meters como gateways de entrada.


Conclusão: A revolução da internet das coisas é real e há enormes oportunidades. No entanto, não podemos perder de vista a necessidade de otimizarmos e transformarmos nossos processos, avaliarmos modelos de negócios, investirmos em big data, definirmos e implantarmos padrões de comunicação e segurança.
                                                                                          
Tom Keeley (2014), inventor de Sistemas inteligentes – Knowledge Enhanced Eletronic Logic (KNEEL) Tecnology, escreve no blog AlwaysOn – Powering the global Silicon Valey. http://www.aonetwork.com/blogs/The-Internet-of-Autonomous-Things-IoAT

Marcelo Lubaszweski (2014), Presidente da Ceitec e Membro do Fórum Brasileiro da Internet das Coisas, palestrou no 37º encontro Tele.Sintese. Soluções em semicondutores para o desenvolvimento da Internet das Coisas no Brasil.
Renato Pasquini (2014), Gerente de Telecom para AL da Frost & Sullivan, palestrou no 37º encontro Tele.Sintese. Tendências e Previsões para M2M na América Latina.
Anderson André (2014), Diretor de Operadoras da Cisco do Brasil, palestrou no 37º encontro Tele.Sintese. A Internet de Todas as Coisas (IoE). M2M e impactos na sociedade e empresas...
Daniel Tibor Fuchs (2014), um dos fundadores e diretor de inovação da Datora Telecom, palestrou no 37º encontro Tele.Sintese. M2M x IoT: Um pouco de falta de visão.
Eduardo Takeshi (2014), Gerente de M2M da Telefônica | Vivo, palestrou no 37º encontro Tele.Sintese. A Telefonica | Vivo no mercado de M2M.
Fernando Martins (2014), Presidente & Diretor Executivo Intel Brasil, palestrou no 37º encontro Tele.Sintese. The Internet Of Things – The next evolution of computing.
Gilberto Miyahara (2014), Diretor de M2M – Tim Brasil, palestrou no 37º encontro Tele.Sintese. M2M: A Ubiquidade torna-se real.




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